Global Artivism ocupa Pelourinho em dia dedicado às raízes afro-brasileiras
Segundo dia da conferência pré COP 30 reúne 900 artistas e ativistas, de mais de 100 países, em espaços históricos de Salvador
Por: Redação
06/11/2025 • 08:05
O segundo dia do Global Artivism reuniu cerca de 900 artistas e ativistas de mais de 100 países em diversos espaços culturais do Pelourinho, em Salvador. A programação desta terça-feira foi inteiramente dedicada às raízes afro-brasileiras e às tradições de resistência cultural, com oficinas imersivas, apresentações, rodas de conversa e atividades comunitárias realizadas em um dos territórios mais simbólicos da cultura negra no Brasil — e um marco das lutas pela liberdade.
Após as atividades de abertura pela manhã, com falas e apresentações no Largo Quincas Berro D’Água, a conferência se espalhou pelo centro histórico, ocupando espaços como o Espaço Cultural da Barroquinha, o Teatro Gregório de Matos, o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), a Casa do Carnaval da Bahia e o Museu da Misericórdia.
Ao longo do dia, participantes acompanharam mesas e painéis com temas como “A arte como resistência está desaparecendo?”, “Construindo comunidades libertadas com o poder do hip-hop”, “O tecido como testemunha: um ritual coletivo de moda” e “Culture Hacking: construindo narrativas para transformar a realidade e mudar sistemas”, entre outros.
Um dos destaques da programação foi o painel “Freedom Beats: Jail Time Records e o poder da música atrás das grades”, na Sociedade Protetora dos Desvalidos, que apresentou o documentário e o projeto criado pelo produtor camaronês e ex-detento Steve Happi e pela artista italiana Dione Roach.
A iniciativa, responsável pelo primeiro estúdio de gravação dentro de uma prisão na África, em New Bell (Camarões), mostrou como a música pode ser ferramenta de reabilitação, expressão e mudança de percepção pública sobre pessoas encarceradas, abrindo caminhos para novas vidas após a prisão.
E se o futuro for ancestral?
A programação do segundo dia partiu da pergunta “E se o futuro for ancestral?”, convidando os participantes a olhar para Salvador — marcada pela colonização e pelo holocausto vivido por povos indígenas e africanos escravizados — como um território onde, apesar da violência e da desumanização, ancestrais criaram estratégias de sobrevivência, resistência e transcendência por meio de saberes, espiritualidade e criatividade.
No Pelourinho, antigo espaço de castigo e venda de pessoas escravizadas, hoje transformado em centro pulsante de cultura afro-brasileira, o Global Artivism propôs que comunidades diaspóricas e artistas conectassem técnicas ancestrais e práticas contemporâneas, usando a arte como ferramenta de resistência, cura e imaginação política, em oficinas e intervenções que fizeram do bairro um laboratório vivo de memória e invenção de novos futuros.
Encerramento com música nas ruas do Pelourinho
Assim como no primeiro dia, a programação do Global Artivism terminou ocupando o espaço público. O segundo dia foi encerrado com apresentações musicais de artistas do Brasil e do mundo no Largo Quincas Berro D’Água e no Largo Tereza Batista, ambos no Pelourinho.
Shows, beats, vozes e tambores tomaram as ruas, reunindo moradores, participantes da conferência e visitantes em uma celebração coletiva da arte como força de resistência e construção.
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