Despedida responsável: como dar o destino correto ao corpo de um pet
Veterinária alerta para os riscos sanitários e legais do enterro irregular; na Bahia, cremação é a única opção legal
Por: Lorena Bomfim
15/07/2025 • 20:00
Criar animais de estimação é um hábito presente em milhões de lares brasileiros. Considerados companheiros e, muitas vezes, integrantes da família, os pets ocupam lugar especial no cotidiano das pessoas. Estima-se que o Brasil possua entre 150 e 160 milhões de animais domésticos — número que supera em mais de três vezes a população do estado de São Paulo.
De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), os cães lideram a lista, com cerca de 60 milhões. Em seguida, aparecem as aves (40 milhões), os gatos (30 milhões) e os peixes ornamentais (20 milhões).
Apesar do vínculo afetivo entre tutores e animais, muitos não sabem como proceder quando chega o momento de dar adeus ao pet. É comum que, por desconhecimento ou falta de orientação, o tutor opte por enterrar o corpo no quintal ou em áreas de mata — prática que pode gerar sérios riscos sanitários e implicações legais.
Para esclarecer o que é permitido e seguro, o Portal A TARDE conversou com a médica veterinária Lissa Glória, que destacou a cremação como o método mais adequado para lidar com a morte de animais domésticos.
“A escolha entre cremação e enterro deve considerar a causa da morte, as condições do local e as normas da cidade”, explicou. “A cremação é considerada a opção mais segura e higiênica. O corpo é incinerado a altas temperaturas, o que elimina agentes infecciosos e impede a contaminação do solo e da água. É o método mais indicado, principalmente em casos de doenças infectocontagiosas como cinomose, parvovirose, leptospirose e leishmaniose. Nesses casos, o enterro não é recomendado”, alertou a especialista.
Quando o tutor opta pelo sepultamento, é necessário seguir critérios específicos. Segundo Lissa Glória, o enterro deve ser realizado em local autorizado, afastado de mananciais e fontes de água, com profundidade mínima entre 1 e 1,5 metro. Além disso, recomenda-se o uso de cal virgem, que acelera o processo de decomposição e reduz os riscos sanitários.
A veterinária também enfatizou que o enterro em quintais, terrenos baldios ou áreas públicas é proibido e pode configurar crime ambiental.
Na Bahia, cremação é a única opção legal
De acordo com o crematório Pet For Life, atualmente não existe nenhum cemitério veterinário legalizado na Bahia. Por isso, a cremação é a única alternativa legal para dar o destino correto ao corpo de um animal de estimação no estado.
A empresa ressalta que o enterro irregular configura crime ambiental, conforme o artigo 54 da Lei nº 9.605/98, que trata de condutas lesivas ao meio ambiente.
O Bye Bye Cremações, outro serviço especializado, também alerta para a importância da responsabilidade ambiental nesse momento. A empresa oferece diferentes modalidades de cremação:
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Cremação individual comum, na qual o tutor recebe as cinzas em uma urna padrão e o certificado de cremação por e-mail.
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Cremação individual assistida, que permite ao tutor acompanhar o procedimento.
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Cremação coletiva, em que as cinzas são depositadas em espaço reservado no crematório.
Os valores variam entre R$ 300 e R$ 1.500, dependendo de fatores como o peso do animal, tipo de cremação, localização para retirada do corpo e serviços adicionais escolhidos pelo tutor.
Diante da dor da perda, é essencial que os tutores também pensem no impacto ambiental e legal de suas decisões. A escolha por um procedimento correto não apenas homenageia a memória do pet, como também contribui para a preservação do meio ambiente e respeito às normas vigentes.
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