Criar cães e gatos pode ajudar a manter memória e fluência verbal após os 50
Estudo analisou dados de 16 mil pessoas por 18 anos e indicou efeitos positivos
Por: Iago Bacelar
17/07/2025 • 11:00
Criar cães ou gatos pode estar associado à melhora da capacidade cognitiva em pessoas com 50 anos ou mais. A conclusão é de um estudo publicado em maio de 2025 na revista científica Scientific Reports, que analisou dados de 18 anos da Pesquisa de Saúde e Aposentadoria na Europa (SHARE).
O levantamento acompanhou 16.582 indivíduos em diversos países europeus e mostrou que a presença de um animal de estimação pode estar relacionada a um declínio cognitivo mais lento, especialmente em aspectos como memória e fluência verbal. Os dados indicam que tutores de cães tendem a preservar por mais tempo a memória imediata e tardia, enquanto os de gatos demonstraram melhor desempenho em memória tardia e fluência verbal.
Estímulo cognitivo vai além da companhia
De acordo com os pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, os efeitos positivos observados não se limitam ao convívio com os animais, mas estão associados também ao estímulo físico, social e emocional que os pets proporcionam no cotidiano.
“Existe estímulo social e emocional, como passeios, por exemplo, e companhia constante — tudo isso ativa o córtex pré-frontal”, explicaram os cientistas envolvidos na pesquisa. O córtex pré-frontal é a região do cérebro ligada a funções como planejamento, tomada de decisão e memória.
Ainda segundo o estudo, o simples fato de se ter um pet em casa cria rotinas estruturadas, interações diárias e momentos de atividade física e afeto que são benéficos para a saúde mental e o envelhecimento saudável.
Ter pet pode ser ferramenta acessível para saúde mental
Os autores destacam que a criação de um pet pode representar uma estratégia acessível e prazerosa para a manutenção da saúde cognitiva ao longo do tempo, especialmente em um contexto de envelhecimento da população mundial.
A pesquisa europeia sugere que políticas públicas voltadas ao envelhecimento saudável podem considerar o estímulo à adoção responsável de animais como um complemento às estratégias já existentes, especialmente entre pessoas que vivem sozinhas ou que apresentam riscos maiores de isolamento social.
Presença de pets é realidade nos lares brasileiros
No Brasil, a presença de animais domésticos já é uma característica comum em milhões de residências. De acordo com o IBGE, o país contabiliza mais de 149 milhões de animais de estimação, sendo mais de 58 milhões de cães e 27 milhões de gatos. A convivência com pets, além dos benefícios emocionais e afetivos, pode agora ser associada também a ganhos na saúde cognitiva dos tutores.
O estudo publicado na Scientific Reports reforça uma tendência observada em outras pesquisas internacionais, que já apontavam o vínculo entre bem-estar mental e interação com animais. A novidade, no entanto, está na abordagem longitudinal e na relação direta com o declínio cognitivo, observada ao longo de quase duas décadas de acompanhamento dos participantes.
A pesquisa também ressalta que, embora os efeitos sejam mais pronunciados entre adultos mais velhos, os benefícios da convivência com animais podem se manifestar em todas as idades. O contato frequente com cães e gatos, especialmente em contextos de rotina, contribui para estabilidade emocional e atividade cerebral constante.
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