“Votar contra o povo brasileiro”, diz Lula após MP da taxação ser derrubada
Presidente afirmou que decisão da Câmara compromete equilíbrio fiscal e programas sociais do governo
Por: Lorena Bomfim
09/10/2025 • 08:35
A Câmara dos Deputados retirou de pauta, na noite de quarta-feira (8), a votação da Medida Provisória (MP) 1303/2025, que estabelecia a taxação de rendimentos de aplicações financeiras e de apostas esportivas. A proposta também previa compensações à revogação do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Com a retirada da pauta, o texto perdeu a validade, já que o prazo para aprovação terminou no mesmo dia. O placar da votação foi de 251 votos favoráveis à retirada contra 193 contrários.
Após a decisão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a medida adotada pelos deputados. Em publicação nas redes sociais, ele afirmou que a derrubada da MP representa uma perda para a população.
“A decisão da Câmara de derrubar a Medida Provisória que corrigia injustiças no sistema tributário não é uma derrota imposta ao governo, mas ao povo brasileiro. Essa medida reduzia distorções ao cobrar a parte justa de quem ganha e lucra mais. Impedir essa correção é votar contra o equilíbrio das contas públicas e contra a justiça tributária”, escreveu o presidente.
Lula também atribuiu o resultado a interesses políticos de setores da oposição e de partidos de centro, que, segundo ele, buscam limitar a arrecadação federal e restringir programas sociais.
“O que está por trás dessa decisão é a aposta de que o país vai arrecadar menos para limitar as políticas públicas e os programas sociais que beneficiam milhões de brasileiros. É jogar contra o Brasil”, completou.
Considerada essencial para o equilíbrio fiscal de 2026, a MP previa medidas como:
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Tributação de fundos de investimento;
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Regras específicas para a taxação de ativos virtuais;
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Tributação de operações em bolsa;
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Regras para empréstimos de ativos;
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Incidência sobre investimentos de estrangeiros.
A expectativa inicial do governo era de elevar a arrecadação em R$ 20,8 bilhões e reduzir despesas em mais de R$ 10 bilhões.
Durante a tramitação, o relator da MP, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), chegou a negociar ajustes com diferentes bancadas, retirando do texto a taxação das apostas esportivas (“bets”) e das aplicações em Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito de Desenvolvimento (LCD).
A proposta original previa alíquotas entre 12% e 18% sobre a receita bruta das casas de apostas regularizadas e de 5% sobre os rendimentos das LCI, LCA e LCD. Mesmo com as alterações, a medida não avançou no Congresso.
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