Pressão da CPMI do INSS antecede nova ofensiva da PF em oito estados
Horas após reunião com ministro André Mendonça, Polícia Federal cumpre 66 mandados em oito estados na Operação Sem Desconto
Por: Redação
09/10/2025 • 10:39
O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, senador Carlos Viana (Pode), se reuniu na noite de quarta-feira (8), com o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), para solicitar urgência no cumprimento dos pedidos de prisão expedidos pela comissão. Horas após o encontro, a Polícia Federal (PF) deflagrou uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga um amplo esquema de fraudes nos descontos aplicados sobre benefícios previdenciários.
Em comunicado oficial divulgado nesta quinta-feira (9), Viana afirmou ter reforçado ao ministro “a urgência no cumprimento das prisões já aprovadas” e destacou que a ação da PF “não é coincidência”, mas uma confirmação de que a CPMI “não é mera espectadora” nas investigações sobre o que ficou conhecido como a “Farra do INSS”.
No início de outubro, a comissão enviou ao Supremo um pedido de prisão preventiva de 21 pessoas suspeitas de envolvimento no esquema. A nova fase da operação foi autorizada pelo STF e resultou no cumprimento de 66 mandados de busca e apreensão em oito estados: São Paulo, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia e Distrito Federal.
Segundo a PF, o objetivo é aprofundar as investigações sobre possíveis crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, formação de organização criminosa e ocultação de patrimônio.
Nesta quinta-feira, a CPMI também ouve o depoimento do presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), Milton “Cavalo” Baptista de Souza. A entidade, que tem como vice-presidente Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi alvo de mandados de busca e apreensão na mesma operação.
Escândalo bilionário
As investigações começaram após uma série de reportagens publicadas a partir de 2023 revelar um crescimento anormal na arrecadação de entidades que realizavam descontos mensais de aposentados e pensionistas, totalizando cerca de R$ 2 bilhões em um ano. Muitas dessas associações eram acusadas de fraudar filiações sem o consentimento dos beneficiários.
As denúncias motivaram a abertura de inquéritos pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU). No total, 38 reportagens do portal Metrópoles foram mencionadas pela PF na representação que originou a Operação Sem Desconto, deflagrada em abril de 2024. A investigação levou à queda do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi.
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