O endividamento brasileiro continua em trajetória ascendente e deve alcançar 98,1% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2030. A estimativa faz parte do relatório Monitor Fiscal, divulgado nesta quarta-feira (15/10) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), durante reunião anual do órgão com o Banco Mundial, em Washington.

O levantamento mostra que a dívida pública bruta, hoje em 87,3% do PIB, deve subir para 91,4% em 2025, percentual muito acima da média prevista para países emergentes neste ano, de 73,9%. Embora o novo cenário seja ligeiramente melhor que o divulgado em abril, quando o FMI previa 99,4% em 2030, o diagnóstico ainda preocupa.

Entre 38 economias emergentes com dados disponíveis, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking de maior dívida em relação ao PIB, atrás apenas de Bahrein (142,5%), Ucrânia (108,6%) e China (96,3%).

Especialistas apontam que caso o patamar da dívida alcance o do PIB, o Brasil pode incorrer em uma situação de calote da dívida pública, o que acarretaria no aumento da inflação, no aumento do desemprego e na queda da atividade econômica.

O relatório também projeta que o país continuará registrando déficit primário nos próximos anos, de 0,6% do PIB em 2025 e 0,4% em 2026. A expectativa é de que volte ao superávit a partir de 2027, com saldo positivo de 0,3%, chegando a 1,4% em 2030. 

O resultado primário reflete a diferença entre receitas e despesas do governo, sem considerar o pagamento de juros da dívida. Quando o saldo é negativo, indica que o gasto público segue acima da arrecadação.