Trump volta a criticar Brasil e defende Bolsonaro em meio a tensão com STF
Medidas dos EUA incluem tarifas, sanções e revogação de vistos de autoridades brasileiras
Por: Iago Bacelar
15/08/2025 • 14:00
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (14) que há uma execução política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração ocorreu na Casa Branca, em Washington, em resposta a perguntas de jornalistas.
“É realmente uma execução política que estão tentando fazer com o Bolsonaro”
disse Trump, ao comentar o processo no qual Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro está em prisão domiciliar por descumprir medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Críticas à Justiça brasileira e tarifas contra o Brasil
Trump chamou Bolsonaro de “honesto” e disse que a Justiça brasileira tem “leis muito ruins acontecendo”. Questionado sobre tarifas aplicadas a países da América Latina, afirmou que não está preocupado com uma possível aproximação da região com a China e voltou a criticar o Brasil.
Segundo o presidente americano, o Brasil “tem sido um péssimo parceiro comercial” e cobra tarifas maiores que as aplicadas pelos EUA. Trump afirmou que agora o país está sujeito a tarifas de 50% e que “não estão felizes, mas é assim que funciona”.
A medida foi anunciada em carta ao presidente Lula, com justificativa política baseada no tratamento dado pelo Judiciário a Bolsonaro e a empresas de tecnologia dos EUA. Essa motivação não foi utilizada para outros países.
Resposta do governo brasileiro
Durante evento em Pernambuco, Lula criticou o tarifaço, afirmando que não vai “ficar chorando” caso os EUA não comprem produtos brasileiros.
“Se os EUA não quiserem comprar, não vou ficar chorando, rastejando, vou procurar outros países e vamos seguir em frente”
disse Lula, destacando que o Brasil deve ser respeitado.
Sanções e tensões diplomáticas
O governo americano também revogou vistos de ministros do STF e aplicou a Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes. A decisão é parte de uma campanha impulsionada pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, que se mudou para os EUA para pressionar contra o julgamento do pai.
Em entrevista à BBC News Brasil, Eduardo afirmou estar disposto a ir “às últimas consequências para retirar esse psicopata do poder” e declarou que “a liberdade vale mais do que a economia”.
As tarifas passaram a valer em 6 de agosto. Nos últimos meses, Trump tem mencionado o Brasil para criticar tarifas, políticas e cidades do país. Em 11 de agosto, citou Brasília como exemplo de capital violenta, embora dados mostrem que a cidade é mais segura que Washington.
Novas medidas contra brasileiros
Nesta quinta-feira, o governo americano também revogou vistos de dois brasileiros ligados à criação do programa Mais Médicos, afirmando que o país mantinha “esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano” entre 2013 e 2018.
Na semana anterior, a embaixada dos EUA publicou mensagem advertindo Moraes e seus aliados para “não apoiar nem facilitar” suas ações, dizendo monitorar a situação. O Itamaraty reagiu convocando o encarregado de negócios da embaixada, Gabriel Escobar.
Apoio a Bolsonaro antes da prisão
Em 17 de julho, Trump enviou carta a Bolsonaro criticando o sistema de Justiça brasileiro, antes de o ex-presidente ser preso.
“Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente”
escreveu Trump, afirmando que espera que o Brasil pare de “atacar oponentes políticos” e encerre o “regime de censura”.
Processos contra Bolsonaro no STF
Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado e por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Segundo a Procuradoria-Geral da República, ele liderou grupo armado destinado a desacreditar o sistema eleitoral e incitar ataques às instituições democráticas.
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