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Trump demite Lisa Cook do Fed sob acusação de fraude hipotecária

Economista contesta decisão e afirma que não vai renunciar

Por: Victor Hugo Ribeiro

26/08/202519:00

Na última segunda-feira (25), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu Lisa Cook, diretora do Conselho de Governadores do Federal Reserve. Cook fez história como a primeira mulher negra a integrar o conselho do banco central norte-americano e também fazia parte do comitê de 12 membros responsável por definir as taxas de juros do país.

Lisa Cook
Foto: Federal Reserve/Divulgação

A justificativa apresentada foi a acusação de que Cook teria falsificado registros para obter vantagens financeiras em contratos de hipotecas. Até o momento, Trump não se pronunciou publicamente sobre a decisão.

Em nota, advogados da economista classificaram a medida como sem fundamento.
"Não vou renunciar", declarou Cook. "Continuarei a cumprir meus deveres para ajudar a economia americana, como venho fazendo desde 2022".

Cook é economista acadêmica, doutora pela Universidade da Califórnia em Berkeley, e atuou no Conselho de Assessores Econômicos do ex-presidente Barack Obama. Em artigo publicado no The New York Times em 2019, ela relatou os desafios de ser mulher e negra em cargos de destaque no setor econômico. À época, destacou que apenas 6,8% dos diplomas de bacharelado em ciências sociais nos EUA pertenciam a mulheres negras, o que reforçava a persistência do preconceito no meio.

"Eu não recomendaria que minha filha entrasse nessa área", escreveu. "Se soubesse que seria tão tóxico, não teria escolhido essa carreira".

Críticas e impacto na independência do Fed

A demissão de Cook gerou forte reação entre críticos de Trump, que veem na decisão uma tentativa de interferir na independência do Federal Reserve. Segundo especialistas, a exoneração ocorreu sem acusação formal ou condenação judicial.

Trump, no entanto, já havia sinalizado o desejo de alterar a composição do banco central, afirmando que a manutenção dos juros elevados prejudicava a economia. Para justificar a saída de Cook, ele recorreu a um dispositivo do estatuto do Fed que permite a remoção de diretores por “justa causa”, alegando que a economista não teria condições de atuar de forma eficaz como reguladora financeira.