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Papa condena mortes em Gaza e pede fim imediato da guerra após ataque a igreja

Pontífice reagiu a ataque israelense que atingiu igreja católica em Gaza

Por: Iago Bacelar

21/07/202509:12

O papa Leão XIV fez um apelo neste domingo pela paz no Oriente Médio e condenou o ataque israelense que atingiu a igreja católica Sagrada Família, única na Faixa de Gaza. A ação militar, ocorrida na última quinta-feira (17), deixou três mortos e dez feridos, entre eles o padre Gabriele Romanelli.

Papa condena mortes em Gaza e pede fim imediato da guerra após ataque a igreja
Foto: Reprodução/ Instagram @VaticanNews

Ao final da oração do Angelus, o pontífice afirmou que exige o fim da guerra e defendeu a resolução pacífica do conflito.

“Exijo o fim imediato da barbárie da guerra e uma resolução pacífica do conflito”, disse. O papa também expressou pesar pelas vítimas do ataque, que usavam o local como abrigo.

Ataque israelense a igreja católica deixa mortos e feridos

Segundo o Vaticano, o papa lamentou com profunda tristeza as mortes de Saad Issa Kostandi Salameh, Foumia Issa Latif Ayyad e Najwa Ibrahim Latif Abu Daoud, cristãos atingidos pela ofensiva.

“Sou particularmente próximo de suas famílias e de todos os paroquianos. Este ato, infelizmente, se soma aos ataques militares em andamento contra a população civil e os locais de culto em Gaza”, declarou.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel informou que as circunstâncias do ataque ainda estão sendo investigadas pelas Forças de Defesa de Israel (FDI). Em nota publicada na rede X, o governo afirmou que “Israel nunca ataca igrejas ou templos religiosos e lamenta qualquer dano causado a um local religioso ou a civis não envolvidos”.

A igreja da Sagrada Família era usada como abrigo por famílias deslocadas desde o início da guerra em outubro de 2023. As vítimas foram encaminhadas ao Hospital Al-Ahli, na Cidade de Gaza.

Pontífice cobra respeito às leis internacionais

O papa cobrou da comunidade internacional a observância ao direito humanitário. Ele ressaltou a obrigação de proteger civis e criticou o uso indiscriminado da força.

“Peço à comunidade internacional para que observe o direito humanitário e respeite a obrigação de proteger os civis, bem como a proibição do castigo coletivo, do uso indiscriminado da força e do deslocamento forçado de populações”, afirmou.

O pontífice também dirigiu uma mensagem aos cristãos do Oriente Médio, reconhecendo a impotência diante da violência.

“Aos nossos amados cristãos do Oriente Médio, digo: compreendo a sua sensação de pouco poder fazer diante desta situação dramática. Vocês estão no coração do papa e de toda a Igreja. Obrigado pelo seu testemunho de fé”, completou.

Gaza registra 93 mortos em busca por ajuda humanitária

No mesmo dia da declaração do papa, o Ministério da Saúde de Gaza informou que 93 palestinos foram mortos e 150 ficaram feridos durante disparos em centros de distribuição de ajuda humanitária, principalmente no norte do território.

A Defesa Civil de Gaza havia apontado inicialmente 32 mortes, mas atualizou os dados nas horas seguintes. O porta-voz Mahmoud Basal informou que os tiros atingiram dois centros administrados pela Fundação Humanitária de Gaza, organização apoiada por Israel e pelos Estados Unidos.

Segundo o exército israelense, indivíduos suspeitos se aproximaram dos soldados e não responderam aos alertas para recuar. Foram disparados tiros de advertência. Em Rafah, nove pessoas foram mortas a tiros nas proximidades de um posto de distribuição.

Fome extrema causa mortes por desnutrição entre crianças

A situação humanitária em Gaza continua a se deteriorar. A Defesa Civil alertou que a desnutrição grave já matou ao menos 70 crianças. A ONU afirmou que o bloqueio à entrada de alimentos ainda dificulta a resposta.

“Essas mortes não foram causadas por bombardeios, mas pela fome, pela escassez de leite infantil e pela ausência de cuidados médicos básicos”, relatou um porta-voz da Defesa Civil.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) afirmou que o preço da farinha subiu 3.000 vezes desde o início da guerra. Em Nousseirat, o morador Ziad Mousleh disse que seus filhos dormem chorando de fome.

“Nossos filhos choram de fome e dormem chorando. Não há absolutamente nada para comer. E, quando algum produto aparece no mercado, o preço é absurdo. Ninguém consegue pagar”, disse.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) também alertou para o colapso do sistema neonatal. Em algumas UTIs, cinco bebês compartilham uma única incubadora. Muitos nascimentos prematuros ocorrem por fome materna e ausência de cuidados básicos.