CNI prevê queda nas exportações após novas tarifas dos EUA
Indústria também projeta recuo em emprego e investimentos
Por: Victor Hugo Ribeiro
21/08/2025 • 17:25 • Atualizado
As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros podem levar a uma queda nas exportações do Brasil, algo que não acontece em 21 meses. Essa projeção, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em sua Sondagem Industrial desta quarta-feira (20), também aponta para uma diminuição nos investimentos e nos índices de emprego na indústria nacional.
O estudo da CNI mostra que o índice de expectativa de exportações para os próximos seis meses caiu 5,1 pontos em agosto, atingindo 46,6. Um valor abaixo de 50 pontos indica que os empresários esperam uma redução na quantidade de produtos exportados. A analista da CNI, Isabella Bianchi, atribui essa piora das expectativas às incertezas do cenário externo, especialmente à nova política comercial americana.
Apesar de a produção industrial ter aumentado em julho, os reflexos das medidas americanas já se refletiram na queda do número de empregados. O índice de expectativa de emprego recuou dois pontos em agosto, chegando a 49,3, o que sugere que os empresários não esperam um aumento nos postos de trabalho no setor nos próximos seis meses.
Em contrapartida, o índice de evolução da produção alcançou 52,6 pontos em julho, indicando um aumento em relação a junho. As expectativas de demanda e de compra de insumos também caíram em agosto, mas se mantiveram acima dos 50 pontos, sinalizando que o crescimento deve continuar, embora em um ritmo mais lento.
Redução no investimento e estabilidade em estoques
A disposição dos empresários para investir também diminuiu, com o índice de intenção de investimento caindo 1,6 ponto para 54,6, o menor valor desde outubro de 2023. Apesar disso, o índice ainda está acima da média histórica. A pesquisa ainda aponta que a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) se manteve estável em 71%.
O nível de estoques também se mostrou estável, com um índice de 50,1 pontos, e a relação entre estoques efetivos e planejados (49,9 pontos) sugere que o volume de produtos está alinhado com o esperado pelas empresas.
A Sondagem Industrial foi realizada entre 1º e 12 de agosto de 2025 e ouviu 1.500 empresas de diferentes portes.
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