PGR pede condenação de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe em 2022
Julgamento pode ocorrer em setembro, segundo expectativa no STF
Por: Iago Bacelar
15/07/2025 • 08:43 • Atualizado
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite de segunda-feira (14), as alegações finais no processo que apura uma tentativa de golpe de Estado no país. O documento, com 517 páginas, foi protocolado por volta das 23h45 e encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. O ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete investigados foram apontados como integrantes do núcleo principal da organização criminosa, que teria atuado para promover uma ruptura democrática entre 2021 e janeiro de 2023.
Segundo a PGR, os crimes atribuídos a Bolsonaro podem resultar em uma pena máxima de até 43 anos de prisão, caso o STF aplique as penas previstas pela legislação brasileira. A denúncia já foi aceita pelo Supremo, transformando os acusados em réus formais. O julgamento deve ocorrer em setembro, após a fase das manifestações finais das defesas.
Réus são aliados políticos e militares de alta patente
Além de Bolsonaro, o pedido de condenação atinge outros nomes da cúpula do governo e das Forças Armadas:
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Walter Braga Netto, general do Exército e ex-candidato a vice-presidente
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Augusto Heleno, general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
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Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin
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Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
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Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
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Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
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Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e colaborador no processo
A PGR propôs a suspensão da pena para Mauro Cid, com base no acordo de colaboração premiada firmado com a Polícia Federal.
Crimes e penas atribuídos pela Procuradoria
O ex-presidente é acusado de ter liderado o grupo criminoso, articulando ações com apoio de integrantes do alto escalão do governo e das Forças Armadas. De acordo com o procurador-geral Paulo Gonet, Bolsonaro usou estruturas do Estado para alimentar instabilidade institucional.
“Com o apoio de membros do alto escalão do governo e de setores estratégicos das Forças Armadas, mobilizou sistematicamente agentes, recursos e competências estatais, à revelia do interesse público, para propagar narrativas inverídicas, provocar a instabilidade social e defender medidas autoritárias”, afirmou o procurador.
As penas solicitadas pela PGR são baseadas nos seguintes crimes e suas respectivas faixas de punição:
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Organização criminosa armada
Pena de 3 a 8 anos, podendo alcançar 17 anos se houver uso de arma de fogo ou envolvimento de funcionário público -
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
Pena de 4 a 8 anos -
Golpe de Estado
Pena de 4 a 12 anos -
Dano qualificado pela violência ou grave ameaça
Pena de 6 meses a 3 anos -
Deterioração de patrimônio tombado
Pena de 1 a 3 anos
A soma das penas máximas pode levar a 43 anos de prisão, caso todas sejam aplicadas em suas proporções mais elevadas.
STF aguarda alegações das defesas
Com a entrega da manifestação da PGR, a defesa de Mauro Cid tem agora 15 dias para apresentar suas alegações finais. Os demais réus também poderão se manifestar dentro do mesmo prazo. A partir do encerramento dessa fase, caberá à Primeira Turma do STF agendar a data do julgamento.
Nos bastidores do Supremo, há expectativa de que a análise do caso ocorra ainda no mês de setembro, consolidando o encerramento de uma das etapas mais relevantes da apuração da tentativa de ruptura institucional.