Moraes mantém bloqueio de contas e nega acesso a autos para ex-assessor investigado
Decisão cita diligências pendentes e processo segue sob sigilo
Por: Iago Bacelar
09/08/2025 • 09:20
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta sexta-feira 8 de agosto manter o bloqueio de contas bancárias, chaves Pix e cartões de crédito do seu ex-assessor-chefe na Assessoria de Enfrentamento à Desinformação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro.
A defesa de Tagliaferro havia solicitado a reconsideração da medida na segunda-feira 4 de agosto. No pedido, alegou não ter conhecimento das investigações em curso e afirmou que tomou conhecimento do bloqueio por meio da imprensa. Os advogados também requereram acesso integral aos autos do processo.
Pedido de acesso negado
Moraes negou o pedido de acesso da defesa aos documentos. Segundo o ministro, há diligências em andamento e o compartilhamento de informações poderia comprometer a investigação.
Ele citou precedente aprovado em 2006 pela Segunda Turma do STF, que impede a liberação integral de autos enquanto houver operações pendentes.
“Na mesma decisão que foi determinado o bloqueio de ativos financeiros, chaves Pix e cartões de crédito do requerente, foram deferidas outras diligências, ainda não cumpridas. Portanto, o deferimento do requerimento, neste momento investigatório, se revelaria absolutamente prematuro, em razão da existência de diligências em andamento”, afirmou Moraes.
O ministro não detalhou nesta decisão os fundamentos específicos para a manutenção do bloqueio. O caso tramita em processo sigiloso.
Contexto da investigação
Em abril, Eduardo Tagliaferro foi indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de vazamento de conversas de servidores dos gabinetes de Alexandre de Moraes no STF e no TSE.
Segundo informações já divulgadas, o ex-assessor teria radicalizado publicações nas redes sociais e alinhado seu discurso à extrema-direita, realizando campanhas de arrecadação via Pix.
Tagliaferro afirma atualmente viver na Itália e declara possuir provas para denunciar a atuação do ministro.
Processo e sigilo
A ordem de bloqueio dos ativos financeiros foi determinada dentro de um inquérito que não é de acesso público. A decisão mais recente reforça a manutenção do sigilo, respaldada por precedentes do próprio Supremo, até a conclusão das diligências determinadas.
Essa medida, segundo o STF, visa preservar a integridade da investigação e evitar interferências externas.
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