O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quinta-feira (4) que ainda não está definido se o Projeto de Lei da Anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro será pautado. A proposta é prioridade da oposição, que busca incluir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entre os beneficiados.

Câmara ainda discute tramitação

Segundo Motta, não há previsão para colocar o texto em votação.

“Estamos muito tranquilos com relação à discussão dessa pauta. Não há ainda nenhuma definição sobre colocar em votação a proposta. Nós estamos sempre ouvindo o colégio de líderes nessas pautas”, declarou o presidente da Câmara.

Ele destacou que tem ouvido tanto apoiadores quanto críticos da proposta, em busca de consenso entre os parlamentares.

Oposição articula com apoio de Tarcísio

Nos últimos dias, a oposição passou a contar com a ajuda do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para fortalecer a articulação em favor do projeto. A estratégia é incluir Bolsonaro no rol de anistiados, o que encontra resistência no Congresso, sobretudo no Senado.

Motta deve se reunir ainda nesta quinta-feira com o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ). A expectativa é que o presidente da Casa apresente um cronograma para a tramitação, que só deve avançar após o julgamento de Bolsonaro, previsto para terminar em 12 de setembro.

Governo tenta barrar medida

A ala governista já se mobiliza para evitar o avanço da proposta. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT), disse que o governo procurará os líderes partidários para convencê-los a não apoiar a anistia. Caso a urgência seja aprovada no colégio de líderes, a base planeja mapear votos e identificar parlamentares indecisos.

Lula critica anistia e pede mobilização

Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a possibilidade de anistia e pediu reação da sociedade contra o texto.

“Outra coisa que nós temos que saber é que se for votar no Congresso, nós corremos o risco da anistia. Esse Congresso, vocês sabem, não é um Congresso eleito pela periferia. O Congresso tem ajudado o governo, aprovou quase tudo que o governo queria, mas a extrema direita tem muita força ainda. Então é uma batalha que tem que ser feita pelo povo”, disse Lula.