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Ação na Justiça mira Claudia Leitte por intolerância religiosa

MP-BA e Idafro pedem uma retratação pública da cantora

Por: Redação

19/12/202519:00

Alterações em letras tradicionais do axé colocaram a cantora Claudia Leitte no centro de uma nova ação judicial na Bahia. O Ministério Público do Estado (MP-BA) e o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) acionaram a justiça e acusaram a cantora de praticar intolerância religiosa ao substituir referências aos orixás por termos ligados ao cristianismo em músicas consagradas do gênero.

Foto Ação na Justiça mira Claudia Leitte por intolerância religiosa
Foto: Reprodução/Instagram @

O processo, que tramita na 7ª Vara da Fazenda Pública de Salvador, destaca que a cantora voltou a modificar uma canção ao trocar  o nome do orixá Ogum pela palavra “Yeshua”— que traduzido em português significa Jesus, mesmo após o caso já ter sido judicializado. Para os autores da ação, a atitude reforça “um comportamento de desvalorização simbólica das religiões de matriz africana presentes na cultura baiana”.

Na petição, o MP-BA e o Idafro solicitaram que Claudia Leitte realize uma retratação pública e ““se abstenha de praticar qualquer ato de discriminação religiosa, direta ou indiretamente, em suas apresentações públicas, entrevistas, produções artísticas ou redes sociais, especialmente aqueles que impliquem supressão, alteração ou desvalorização de referências religiosas de matriz africana”.

Liberdade artística em debate 

 

O Idafro argumenta que as mudanças não podem ser tratadas como liberdade artística ou de crença, já que envolvem músicas reproduzidas a séculos e incorporadas à memória coletiva o povo baiano e à identidade do axé music. Para o instituto, a prática teria como finalidade  “ultrajar e vilipendiar a memória africana expressa na religiosidade afro-brasileira”.

A ação aponta ainda que a cantora construiu sua carreira neste contexto cultural, sem transição alguma para o segmento gospel. Mesmo assim, segundo o processo, houve a retirada de referências aos orixás e a substituição por símbolos de outra matriz religiosa.

Além de pedir que alterações desta natureza sejam proibidas, o MP-BA e o Idafro solicitam que a justiça reconheça as mudanças como intolerância religiosa. Embora Claudia Leitte  já tenha afirmado que “age por liberdade de fé”, os relatores defendem que esse direito não a autoriza a descaracterização de símbolos de uma comunidade historicamente vulnerabilizada.