Daniel Grave alerta sobre falta de educação fiscal e uso de IA pela Receita Federal
Contador defende educação fiscal desde a escola, aponta falhas na gestão municipal e alerta para avanço tecnológico da Receita Federal
Por: Iago Bacelar
28/08/2025 • 12:46 • Atualizado
O contador e professor Daniel Grave analisou os desafios da gestão pública e da educação fiscal em entrevista ao programa Portal Esfera no Rádio, na Itapoan FM. Ele avaliou a eficiência dos municípios, a necessidade de capacitação dos servidores e destacou a importância de inserir educação financeira e tributária desde a escola.
"A eficiência dos municípios é muito baixa, se investe pouco em tecnologia, se investe pouco em capacitação dos servidores, e isso gera um resultado abaixo do que a população espera"
O especialista também ressaltou que políticos com experiência no setor privado tendem a ter mais sucesso na administração fiscal, mas enfrentam custos cada vez maiores para manter a máquina pública, agravados após a pandemia.
Gestão pública e impacto da pandemia
De acordo com Grave, cidades pequenas muitas vezes conseguem ser mais organizadas financeiramente que grandes municípios. Para ele, quando o gestor público tem origem empresarial, aumenta a chance de alcançar melhores resultados na administração fiscal.
No entanto, o cenário atual é de dificuldade. O custo para manter a máquina pública está mais alto, enquanto a eficiência permanece baixa. Ele afirmou que a pandemia ampliou esse desequilíbrio, tornando urgente a modernização da gestão municipal.
Educação fiscal e formação profissional
Professor por quase uma década na Universidade Federal da Bahia, Grave defendeu a inclusão da educação fiscal desde o ensino fundamental até o ensino superior. Ele apontou que profissionais, como médicos, saem da universidade sem noções básicas de precificação e tributação, o que compromete a gestão de seus negócios.
"A ausência dessa base mínima, essas informações mínimas de imposto, mexe com a vida de qualquer profissional"
O contador exemplificou com a diferença de alíquotas do ISS entre Salvador, onde médicos pagam 5%, e Senhor do Bonfim, onde a taxa é de 2,5%. Para ele, essa falta de conhecimento pode reduzir a margem de lucro de profissionais que desconhecem a carga tributária diferenciada entre cidades.
Receita Federal e combate à sonegação
Grave alertou ainda para o uso crescente de tecnologia pela Receita Federal, que tem cruzado dados de forma automatizada. O cadastro unificado de imóveis e o uso de inteligência artificial já estão dificultando fraudes e omissões, principalmente no mercado de aluguel.
"Esqueça achar que você está tendo alguma vantagem em burlar porque você não está tendo nenhuma. Você não vai conseguir"
Para o especialista, a modernização da Receita deve servir de alerta para cidadãos e profissionais, reforçando a importância da educação fiscal e da transparência tributária.