Governo da Bahia articula medidas diante de tarifaço dos EUA
Medida dos EUA impacta exportações e mobiliza reação do governo baiano
Por: Iago Bacelar
31/07/2025 • 13:00
O governador Jerônimo Rodrigues anunciou que vai intensificar as articulações com o setor produtivo e autoridades nacionais diante da sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida americana, que passa a valer em 6 de agosto, já mobilizou reuniões e estratégias para tentar proteger a economia baiana dos impactos.
Reuniões com a FIEB e o Consórcio Nordeste
Na segunda-feira, 4 de agosto, Jerônimo se reúne novamente com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB). O encontro faz parte do trabalho conjunto iniciado no mês de julho, que visa mapear os possíveis efeitos econômicos e propor alternativas para os setores mais afetados.
Já nos dias 5 e 6, o governador viaja a Brasília para participar de reuniões do Consórcio Nordeste e com representantes do Governo Federal. Nessas agendas, a expectativa é alinhar ações em bloco com os demais estados da região e definir estratégias conjuntas.
“Os governadores do Nordeste irão discutir numa assembleia para levar até o presidente Lula o nosso olhar e as nossas decisões”, explicou Jerônimo, destacando o esforço para manter um canal direto com o Planalto na tentativa de reduzir os danos provocados pelas novas taxas.
Instalação da Apex na Bahia
Entre as ações de médio e longo prazo anunciadas por Jerônimo está a chegada de uma unidade da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) à Bahia. A nova sede regional da agência terá como missão diversificar os destinos das exportações baianas, em especial diante do novo cenário internacional.
“Nós vamos implantar na Bahia uma agência que fortalece a exportação para que a gente possa ter outros países como possibilidade de exportação”, disse o governador. A inauguração está marcada para o dia 18 de agosto, quando será lançada oficialmente a base da Apex no estado.
O objetivo é fortalecer o relacionamento comercial com novos mercados e reduzir a dependência de países que adotem medidas protecionistas como a dos EUA.
Espaço para o diálogo e defesa da soberania
Apesar das tarifas, o governador acredita que ainda há margem para negociação. A avaliação é baseada na exclusão de quase 700 produtos da lista da sobretaxa americana, como suco de laranja, gás natural, carvão, madeira, fertilizantes, castanha-do-Brasil, combustíveis e partes de aeronaves civis.
“As exceções à tarifa mostram que ainda há espaço para o diálogo, e o presidente Lula tem reafirmado essa disposição. Mas a soberania do Brasil não se negocia”, pontuou Jerônimo. O governador também defendeu a busca por novos mercados e alternativas para preservar empresas e trabalhadores diretamente atingidos pela nova política externa norte-americana.
Tarifaço assinado por Trump
O decreto com o novo tarifaço foi assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quarta-feira, 30 de julho. O documento estabelece uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA, citando motivos que envolvem desde interesses econômicos até questões de liberdade de expressão e política externa.
“A medida visa responder às ações do governo brasileiro que, segundo o comunicado, prejudicam empresas americanas, os direitos de liberdade de expressão de cidadãos dos EUA, a política externa e a economia do país”, afirmou o governo norte-americano em comunicado oficial divulgado pela Casa Branca.
O impacto imediato da medida, somado ao simbolismo político do decreto, provocou reações em várias esferas do governo brasileiro e levou os estados mais atingidos, como a Bahia, a buscar saídas emergenciais e estruturais.
Medidas integradas para reduzir prejuízos
A movimentação liderada por Jerônimo inclui tanto medidas locais quanto a integração com iniciativas nacionais. O foco está em preservar o setor produtivo, manter empregos e assegurar competitividade em um ambiente econômico mais restritivo.
Com apoio da FIEB, do Consórcio Nordeste e da Apex, o governo baiano pretende ampliar sua capacidade de negociação, articulação institucional e expansão internacional, num esforço que reúne ações imediatas e planejamento de longo prazo.