A Prefeitura de Salvador deu início a obras de manutenção e melhorias no Palácio da Sé, localizado no Centro Histórico da capital baiana. O imóvel, oficialmente chamado de Palácio Arquiepiscopal, está no centro dos preparativos para se tornar a nova sede da gestão municipal, que deixará de funcionar no Palácio Thomé de Souza, na Praça Municipal.

As intervenções são conduzidas pela Secretaria de Manutenção (Seman) e incluem restauro da fachada, reforço estrutural, novas instalações elétricas, manutenção e substituição de esquadrias, pintura interna e instalação de novos sanitários. O objetivo é concluir os serviços até dezembro de 2025, embora a migração da sede só deva ser finalizada no primeiro semestre do ano seguinte.

Mudança depende de acordos com a Arquidiocese

A administração municipal avançou nas discussões para a desocupação do Palácio Thomé de Souza, após decisão da Justiça Federal que determinou a remoção da estrutura metálica provisória projetada pelo arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé.

Para consolidar a mudança, a prefeitura ainda precisa resolver pendências com a Arquidiocese de São Salvador da Bahia, atual responsável pelo Palácio da Sé. A reportagem do Bahia Notícias revelou que o acervo presente no local, de responsabilidade da Arquidiocese, ainda não foi totalmente removido, o que tem atrasado parte do processo.

Como o imóvel é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi necessário desenvolver um projeto específico voltado à preservação do patrimônio histórico. Esse plano foi apresentado à instituição para garantir que as intervenções respeitem as normas de conservação.

Incentivo federal viabiliza restauração do acervo

O movimento em torno do novo espaço ganhou impulso com a aprovação de um projeto de revitalização pelo Ministério da Cultura. A proposta prevê a recuperação de obras arquitetônicas e artísticas, além da captação de recursos por meio de doações e patrocínios da iniciativa privada.

Entre as peças que passarão por restauração estão 33 itens do acervo da Catedral Basílica de Salvador e do Centro Cultural Palácio da Sé, que datam dos séculos XVIII e XIX. A lista inclui esculturas, colunas, fragmentos, 11 personagens de presépios, castiçais, uma credência barroca e uma escultura rara em papel machê.

Palácio Thomé de Souza pode virar centro cultural

Enquanto prepara a mudança, a prefeitura também discute o futuro do Palácio Thomé de Souza. Uma das propostas em debate prevê a transformação do prédio em galeria de arte. Outra possibilidade é a doação do imóvel à Universidade Federal da Bahia (Ufba). Na Câmara Municipal, tramita um projeto para criar um parque-biblioteca, inspirado em modelos internacionais, com reaproveitamento da estrutura metálica da antiga sede.

O subsolo, onde hoje funciona um estacionamento, também será reaproveitado. A ideia é transformar o espaço em um Centro de Convenções com capacidade para cerca de 4 mil pessoas. Além do estacionamento, o local abriga uma subestação de energia da Neoenergia Coelba, que será transferida para o entorno da Praça Castro Alves.

Com a mudança, a prefeitura pretende consolidar uma nova dinâmica institucional e cultural entre os Palácios da Sé, Thomé de Souza e o Rio Branco, que compõem o conjunto arquitetônico da parte alta do Centro Histórico de Salvador.