Salvador tem queda nas mortes em 2025 após liderar ranking como capital mais violenta do Brasil
Relatórios estaduais e anuário nacional mostram contrastes nos índices de violência
Por: Iago Bacelar
29/07/2025 • 09:05 • Atualizado
A capital baiana registrou redução de 16,6% nas mortes violentas no primeiro semestre de 2025, segundo balanço divulgado pela Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). O levantamento contabilizou 398 ocorrências entre janeiro e junho deste ano, contra 477 no mesmo período de 2024. No entanto, esse cenário contrasta com o relatório nacional mais recente sobre segurança.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Salvador foi a capital mais violenta do Brasil em 2024. A cidade registrou 1.335 mortes violentas ao longo do ano, número quase equivalente ao do Rio de Janeiro, que teve 1.375 ocorrências, embora tenha quase o triplo da população.
Taxa proporcional acentua gravidade da violência em Salvador
O índice proporcional coloca Salvador em posição ainda mais crítica. A taxa de mortes violentas na capital baiana foi de 50,2%, frente a 20,4% no Rio de Janeiro. A comparação direta entre os números absolutos das duas cidades evidencia a alta densidade de homicídios na capital baiana, mesmo em relação a centros urbanos mais populosos.
No ranking geral, Salvador ficou em 20º lugar entre as cidades mais violentas do país, mas liderou entre as capitais. O anuário inclui em sua contagem homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, feminicídios, mortes de policiais em serviço e fora de serviço e mortes por intervenção policial.
Estado destaca esforços e investimentos para reverter cenário
Para o governo estadual, os números mais recentes refletem ações estruturais e operacionais de combate à criminalidade. Segundo o secretário da SSP-BA, Marcelo Werner, os resultados são fruto do trabalho das equipes em campo.
“O empenho dos homens e mulheres que compõem as Forças Policiais e de Bombeiros está diretamente ligado à redução dos índices criminais. São profissionais que colocam suas vidas em risco diariamente para servir e proteger.”
Werner ressaltou ainda os investimentos realizados nos últimos dois anos e meio. Ele mencionou a contratação de seis mil novos profissionais e a realização de quatro concursos simultâneos, além da entrega de novas unidades, viaturas e equipamentos.
“O Governo do Estado contratou seis mil novos profissionais nesse período. Pela primeira vez na história da Bahia, realizamos quatro concursos simultâneos para as áreas da segurança.”
Intervenções policiais geram alerta no cenário nacional
Mesmo com a redução apontada em 2025, os dados do anuário revelam outro destaque negativo envolvendo Salvador. A capital foi a cidade com o maior número de mortes por intervenção policial entre todas as capitais brasileiras em 2024, com 420 casos.
Essa estatística posiciona Salvador como segunda no país em quantidade de mortes causadas por ações policiais, perdendo apenas para um município do interior. Cidades menores da Bahia, como Santo Antônio de Jesus, Jequié e Porto Seguro, também figuram entre as dez com maiores taxas.
PM relata ações de confronto com traficantes em 2024
Um dos episódios citados no anuário ocorreu em novembro de 2024, no bairro do IAPI. Durante a Operação Horus, agentes da Polícia Militar se depararam com indivíduos armados. Após troca de tiros e cerco policial, três homens morreram e um quarto foi preso por tráfico de drogas. Os mortos foram socorridos, mas não resistiram aos ferimentos. O preso foi autuado com drogas encontradas nas imediações.
Bahia se mantém em alerta diante dos contrastes
Mesmo com a redução de 7,3% nas mortes violentas em todo o estado no primeiro semestre de 2025, a Bahia ainda aparece como o segundo estado com mais mortes por ação policial no Brasil. Em 2022 foram 1.467 ocorrências, em 2023 o número subiu para 1.699, e em 2024 houve 1.553 mortes.
O governo estadual afirma que o programa Bahia Pela Paz, articulado com ações de educação, cultura e inclusão social, seguirá como política permanente. A proposta é manter o ritmo de queda e expandir o alcance territorial da segurança pública.
Os dados mostram que, apesar das recentes melhorias nos índices, Salvador ainda enfrenta os impactos de um histórico de violência elevado, revelando a complexidade do desafio enfrentado pelas autoridades de segurança na capital baiana.
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