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Política

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Tarifa de Trump pressiona SP, que lidera exportações atingidas por sobretaxa americana

Dados da Amcham mostram impacto maior para SP com tarifa de 50% dos EUA

Por: Iago Bacelar

18/07/202508:45

O estado de São Paulo lidera as exportações brasileiras para os Estados Unidos e será o mais afetado pelas tarifas de 50% anunciadas por Donald Trump sobre produtos do Brasil. A medida entra em vigor em 1º de agosto e foi divulgada pelo presidente americano em 9 de julho.

Tarifa de Trump pressiona SP, que lidera exportações atingidas por sobretaxa americana
Foto: Agência Brasil/EBC

De acordo com dados da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), os produtos paulistas representaram 31,9% das exportações nacionais aos EUA no primeiro semestre de 2025. O volume equivale a US$ 6,4 bilhões.

Demais estados também serão atingidos, mas com menor intensidade

O Rio de Janeiro é o segundo estado mais impactado, com 15,9% das exportações, somando US$ 3,2 bilhões, valor equivalente à metade das vendas de São Paulo. Em seguida, aparecem Minas Gerais, com 12,4% (US$ 2,5 bilhões), Espírito Santo, com 8,1% (US$ 1,6 bilhão), e o Rio Grande do Sul, com 4,7% (US$ 950,3 milhões).

Produtos paulistas mais exportados envolvem setores industriais e alimentícios

Entre os principais produtos enviados por São Paulo estão aeronaves (com participação da Embraer), sucos de frutas e equipamentos de engenharia civil. A lista dos dez itens mais exportados pelo Brasil para os EUA inclui:

  • Óleos brutos de petróleo — US$ 2,3 bilhões

  • Semi-acabados de ferro ou aço — US$ 1,9 bilhão

  • Café não torrado — US$ 1,16 bilhão

  • Aeronaves — US$ 1 bilhão

  • Ferro-gusa — US$ 865,8 milhões

  • Óleos combustíveis — US$ 830,6 milhões

  • Carne bovina — US$ 791,2 milhões

  • Sucos de frutas — US$ 743,2 milhões

  • Celulose — US$ 718 milhões

  • Equipamentos de engenharia civil — US$ 592,1 milhões

Reação política evidencia tensão entre aliados e governo federal

A repercussão da tarifa também gerou reações políticas. Inicialmente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), criticou o governo federal, responsabilizando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela medida de Trump.

Posteriormente, ao perceber o impacto da tarifa sobre a economia paulista, Tarcísio defendeu a cooperação entre o estado e o governo federal. Ele elogiou a diplomacia brasileira, o que provocou reação de aliados bolsonaristas. Um dos críticos foi o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA. Dias depois, Eduardo afirmou que a situação com o governador foi esclarecida.

Saldo comercial favorece os EUA no primeiro semestre

No primeiro semestre de 2025, o saldo comercial foi superavitário para os EUA, com vantagem de US$ 1,7 bilhão. Desde 2009, os americanos mantêm superávits nas relações comerciais com o Brasil nesse período do ano.

As exportações brasileiras aos EUA somaram US$ 20 bilhões no semestre, alta de 4,4% em relação a 2024. O desempenho superou o das exportações totais do Brasil, que caíram 0,6%. As vendas para a China recuaram 7,5% e para a União Europeia, 2,6%.

Apenas a Argentina, entre os cinco maiores parceiros comerciais do Brasil, registrou crescimento maior, com alta de 55,4% nas importações de produtos brasileiros.

As importações brasileiras dos EUA totalizaram US$ 21,7 bilhões, aumento de 11,5%. O crescimento supera a média das importações brasileiras no período (+8,3%), da União Europeia (+4,4%) e do Mercosul (-0,9%).