PL se divide entre anistia e redução de penas para Bolsonaro
Cúpula do partido aposta em negociação rápida no Congresso; clã Bolsonaro rejeita alternativas e acusa dirigente de conluio com Centrão
Por: Lorena Bomfim
27/09/2025 • 12:38
A discussão sobre a redução de penas como alternativa à anistia aprofunda as divisões internas no PL. Enquanto uma ala ligada ao Centrão defende a negociação, Jair Bolsonaro e sua família rejeitam qualquer “meio-termo”.
Alternativa à anistia
Parlamentares mais flexíveis defendem mudanças no Código Penal para diminuir as penas do ex-presidente, condenado a 27 anos e três meses pela trama golpista. A proposta poderia reduzir a punição para algo entre quatro e oito anos, abrindo margem para prisão domiciliar.
O núcleo bolsonarista, no entanto, rejeita a ideia. Interlocutores próximos a Eduardo e Flávio Bolsonaro dizem que qualquer conversa nesse sentido ocorre sem autorização do líder da direita e prejudica a estratégia de denunciar uma suposta “perseguição política”.
Pressão sobre Valdemar
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, é apontado como articulador da proposta. Ele esteve com Bolsonaro na quarta-feira (24) e tentou convencê-lo a aceitar a redução de pena. O gesto aumentou o desgaste com Eduardo Bolsonaro, que acusa Valdemar de atuar em “conluio” com o Centrão e ameaça deixar o partido.
— Redução de penas não é o melhor caminho. Anistia é anistia. Redução de pena é só mudar a lei penal. Se tiver acordo, aprovamos em dois dias — afirmou Valdemar ao Globo.
Clima de traição
Aliados de Eduardo veem a movimentação como traição. O ex-ministro Fabio Wajngarten classificou como “malucos” os que defendem a articulação.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), também reforçou a posição oficial:
— Precisamos votar anistia. Alteração de pena não é nossa intenção neste momento.
Na mesma linha, o deputado Bibo Nunes (PL-RS) rejeitou a proposta:
— Só aceitamos anistia total, geral e irrestrita.
Obstáculos no Congresso
A rejeição da “PEC da Blindagem” no Senado reforçou a avaliação de que a anistia ampla enfrenta dificuldades. Caciques do Centrão defendem um acordo prévio entre Câmara e Senado antes de tentar retomar a pauta.
Dentro do PL, o racha segue exposto: de um lado, a ala pragmática que busca uma saída rápida; de outro, o núcleo bolsonarista que não abre mão da anistia irrestrita.