Lula reconduz Paulo Gonet à PGR dias antes de julgamento de Bolsonaro
Mandato é renovado por 2 anos e depende de aval do Senado
Por: Victor Hugo Ribeiro
27/08/2025 • 19:00 • Atualizado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na última quarta-feira (27), o decreto que renova o mandato do procurador-geral da República, Paulo Gonet, por mais dois anos. A decisão foi tomada com antecedência, já que o mandato atual de Gonet terminaria apenas em dezembro deste ano.
O ato de recondução foi assinado menos de uma semana antes do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi denunciado por Gonet como líder de uma suposta conspiração golpista.
Apesar da recondução, Gonet ainda precisará ser submetido a uma nova sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, seguida por uma votação no plenário da Casa, onde são necessários 41 votos para sua aprovação. Em seu primeiro mandato, ele foi aprovado com 65 votos.
A antecipação da recondução evita que a Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR) organize a tradicional lista tríplice de candidatos ao cargo. A visão do Planalto é que essa medida traz mais estabilidade interna ao Ministério Público Federal, evitando disputas pela sucessão da PGR. Embora Lula tenha respeitado a lista tríplice em seus dois primeiros mandatos, ele não é obrigado a segui-la, e já havia ignorado a tradição ao nomear Gonet pela primeira vez.
Sobre o Paulo Gonet
Com 64 anos, Paulo Gonet é subprocurador-geral da República e possui cerca de 40 anos de carreira no Ministério Público. Ele é cofundador do Instituto Brasiliense de Direito Público, junto com o ministro Gilmar Mendes, do STF, e já foi diretor-geral da Escola Superior do Ministério Público da União.
Formado em direito pela Universidade de Brasília (UnB), com mestrado e doutorado, Gonet ingressou no Ministério Público Federal (MPF) em 1987, obtendo o primeiro lugar no concurso.
Ao assumir a PGR em 2023, ele reverteu entendimentos da gestão anterior de Augusto Aras, focando em casos de corrupção, principalmente os relacionados a emendas parlamentares. Em abril, por exemplo, Gonet denunciou o então ministro das Comunicações, Juscelino Filho, o que resultou na demissão do auxiliar por Lula.
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