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Itamaraty reage a declarações de ex-chanceler israelense Katz

Brasil repudia ofensas e acusações sobre operações em Gaza

Por: Victor Hugo Ribeiro

26/08/202518:46Atualizado

O Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Itamaraty, reagiu com veemência nesta terça-feira (26) a declarações do ministro da Defesa e ex-chanceler israelense, Israel Katz. Em postagem nas redes sociais, Katz chamou o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, de "antissemita declarado" e "apoiador do Hamas", grupo que controla a Faixa de Gaza.

Ministério das Relações Exteriores (MRE)
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Em nota oficial, o Itamaraty classificou as palavras de Katz como "ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis". O governo brasileiro lembrou que as operações militares de Israel em Gaza já causaram a morte de mais de 63 mil palestinos e acusou o país de usar a fome como arma de guerra.

A tensão diplomática aumentou após o bombardeio israelense ao hospital Nasser, em Khan Younis, que resultou na morte de pelo menos 20 palestinos. O Itamaraty condenou o ataque e cobrou de Katz uma investigação sobre o ocorrido. O ministério também destacou que Israel está sob investigação da Corte Internacional de Justiça por suspeita de genocídio.

A guerra entre Israel e Hamas, iniciada em 7 de outubro de 2023 com um ataque-surpresa do grupo palestino, gerou a resposta militar de Israel, incluindo bombardeios e cerco total à Faixa de Gaza.

Rebaixamento das relações diplomáticas

A crise já resultou em medidas concretas. Em fevereiro de 2024, após Lula classificar as ações em Gaza como genocídio, Israel declarou o presidente brasileiro "persona non grata". Na ocasião, o Brasil retirou seu embaixador de Israel e não nomeou substituto.

Nesta semana, o jornal The Times of Israel informou que o governo israelense decidiu "rebaixar" as relações com o Brasil, alegando que o Itamaraty ignorou a indicação de Gali Dagan como novo embaixador em Brasília.

Saída do Brasil da IHRA

As críticas de Katz a Lula também se baseiam na decisão do Brasil de se retirar da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA). O país se tornou membro observador em 2021, mas formalizou a saída em julho de 2025, após aderir à ação judicial contra Israel na Corte Internacional de Justiça. Katz usou essa decisão para reforçar suas acusações, afirmando que Lula estaria se alinhando a "regimes como o Irã".

Nesta terça-feira, o presidente Lula reafirmou suas críticas a Israel, destacando a continuidade do "genocídio" e a morte de crianças palestinas em Gaza. Durante reunião ministerial, ele defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU para incluir países do Sul Global como membros permanentes.