Estilo e sustentabilidade: como transformar o consumo com criatividade
Influenciadoras mostram que reutilizar roupas e móveis pode ser sustentável
Por: Lorena Bomfim
14/07/2025 • 09:00
Adotar um estilo de vida sustentável não significa abrir mão do bom gosto. As influenciadoras Kelsey MacDermaid e Becky Wright, conhecidas como “The Sorry Girls” na internet, mostram que é possível unir estilo, economia e consciência ambiental por meio do upcycling — o reaproveitamento criativo de itens usados ou descartados.
MacDermaid idealizou o próprio look de casamento utilizando peças de segunda mão compradas no Facebook Marketplace. Já Wright decorou sua sala de estar com móveis em estilo mid-century modern garimpados em brechós. A dupla produz vídeos ensinando técnicas acessíveis de reforma e personalização, incentivando o consumo consciente.
Segundo Jules Lennon, líder da iniciativa de moda da Fundação Ellen MacArthur, o upcycling é uma alternativa relevante para reduzir o desperdício e o impacto ambiental da indústria da moda. “Nossas pesquisas mostram que, a cada segundo, o equivalente a um caminhão de lixo cheio de tecidos é enviado para aterros ou incinerado”, afirma.
O movimento pelo reuso vem crescendo, inclusive com desfiles de moda que incorporam peças preloved (já usadas). Para Lennon, reaproveitar é ainda melhor que reciclar. “Reciclar consome muita energia e reduz o valor do produto”, explica. Já o upcycling aumenta a durabilidade dos itens e diminui a extração de matérias-primas, o consumo de água e o descarte de substâncias químicas.
O professor Marco van Hees, pesquisador de upcycling urbano na Universidade de Ciências Aplicadas de Amsterdã, reforça que reutilizar ajuda a combater o excesso de lixo e a poluição. “Estamos apenas usando e jogando fora, ou até queimando — o que talvez seja o pior que se pode fazer”, alerta.
Mais do que uma prática ecológica, o upcycling pode aprimorar projetos de design. “Comprar de segunda mão permite ser mais criativo e ter peças únicas, com história e personalidade, diferentes dos ambientes montados com itens padronizados de lojas de departamento”, diz Wright.
Para MacDermaid, a paixão por brechós começou na faculdade como forma de economizar. Hoje, ela só compra roupas usadas. “É sustentável, acessível e ainda reflete quem somos”, afirma. Ela defende que pequenos ajustes já fazem diferença. “Uma ida ao alfaiate ou saber costurar o básico pode transformar completamente uma peça.”
O mesmo vale para móveis. Trocar puxadores, aplicar papel de parede adesivo ou pintar corretamente são formas simples de renovar. “Com o preparo certo, o acabamento fica ótimo e duradouro”, garante MacDermaid.
Wright recomenda começar com algo pequeno, como uma moldura de quadro de brechó. Já MacDermaid lembra que ninguém precisa ser especialista para começar. “Somos formadas em cinema, não em marcenaria. Aprendemos uma ferramenta por vez. Começar com uma lixadeira ou uma serra elétrica já leva longe.”
O recado das “Sorry Girls” é claro: pensar duas vezes antes de descartar ou comprar algo novo pode ser o primeiro passo para uma vida mais criativa, econômica e sustentável.