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Entenda como a trilha de Psicose mudou a relação da música com o terror

Trilha está presente na clássica cena do chuveiro

Por: Gabriel Pina

30/07/202511:34Atualizado

Há 65 anos, os agudos do violino presentes na clássica cena do chuveiro de "Psicose" (1960) aterrorizavam os espectadores de diversas salas de cinema no mundo, transformando para sempre a relação entre a música e o horror na sétima arte. 

cena do chuveiro de psicose
Foto: Divulgação/Universal Pictures

O que começou como um projeto rejeitado pelos estúdios tornou-se um marco atemporal, graças à parceria criativa entre o diretor Alfred Hitchcock e o compositor Bernard Herrmann que soube traduzir em notas musicais o terror psicológico.  

A genialidade de Herrmann residia na compreensão do que o filme queria transmitir ao público. Quando Hitchcock duvidava do impacto da sequência do chuveiro, o compositor insistiu: "Devemos usar a música!" 

E o resultado dessa criação foi uma peça orquestral para cordas que imitava gritos humanos e sons de pássaros, criando uma conexão subliminar com Norman Bates (Anthony Perkins) e seu hobby de taxidermia de aves. 

Desde suas radiodramaturgias com Orson Welles, incluindo o histórico "A Guerra dos Mundos", Herrmann aterrorizou os Estados Unidos com suas trilhas.  Em 1938, ele desenvolveu uma linguagem musical única, em "Cidadão Kane", usando o silêncio como instrumento narrativo, técnica que aperfeiçoaria no cinema.  

Já o impacto cultural da música de "Psicose" ecoa até hoje. Dos arranjos de George Martin em "Eleanor Rigby" aos samples de Busta Rhymes em "Gimme Some More", sua influência permeia a cultura popular. No cinema, inspirou John Williams em "Tubarão" e estabeleceu o padrão para trilhas de terror. 

Mesmo após o rompimento com Hitchcock, por discordâncias criativas em "Cortina Rasgada", Herrmann continuou inovando, como demonstrou em sua colaboração póstuma com Scorsese em "Taxi Driver".  

Mais do que acompanhar imagens, a música de Herrmann as transformava. Seus violinos em "Psicose" não apenas ilustravam o terror, mas o incorporaram na psique do espectador. Como ele mesmo definiu: "O compositor dá vida ao filme". 

Não é à toa que, mesmo seis décadas depois, a trilha continua a arrepiar, provando que o verdadeiro horror não está só no que vemos, mas também no que ouvimos.