O alpinista Abd Harris Agam, conhecido como Agam Rinjani, recebeu o valor de R$ 435,5 mil arrecadado por meio de uma vaquinha virtual organizada após sua participação voluntária no resgate do corpo da brasileira Juliana Marins, morta durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. O depósito foi realizado na última terça-feira (8), conforme informou a plataforma Razões para Acreditar, responsável pela mobilização.

Total arrecadado ultrapassou R$ 518 mil

A campanha, promovida pela plataforma de doações Voaa, conseguiu arrecadar mais de R$ 518 mil. No entanto, com os descontos do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) aplicados na transferência internacional, o valor efetivamente recebido por Agam foi de pouco mais de R$ 435 mil, o que equivale a cerca de 1,09 bilhão de rúpias indonésias (Rp).

A arrecadação teve grande adesão após a repercussão do caso no Brasil. Agam se tornou conhecido ao participar do resgate do corpo de Juliana, que caiu de um penhasco durante uma trilha. Segundo relatos, ele ficou ao lado da vítima durante a madrugada em um ponto íngreme e instável da montanha, evitando que o corpo fosse arrastado.

Plataforma alterou decisão sobre desconto

Durante o processo de arrecadação, a vaquinha foi temporariamente suspensa após questionamentos de doadores e seguidores nas redes sociais sobre uma taxa de 20% que seria cobrada pela Voaa. Diante da repercussão negativa, a plataforma e a organização Razões para Acreditar voltaram atrás na decisão e anunciaram que não reteriam nenhum percentual do valor arrecadado.

Com isso, a única dedução aplicada ao total foi o IOF, obrigatório em operações internacionais. A equipe responsável pelo envio confirmou que todo o restante do valor foi transferido ao beneficiário na Indonésia.

Valor equivale a mais de 18 anos de salário na Indonésia

O salário mínimo mensal na Indonésia é de cerca de 5 milhões de rúpias, o equivalente a R$ 1.250. Com o valor recebido, Agam tem o correspondente a mais de 18 anos de salário mínimo no país. De acordo com ele, a quantia será dividida entre os colegas que participaram do resgate, como forma de reconhecimento coletivo pelo esforço realizado.

Agam não pertence à Basarnas, a agência nacional de busca e salvamento da Indonésia, mas sua atuação voluntária foi considerada de alta complexidade, especialmente pelo local de difícil acesso onde estava o corpo da brasileira. Um funcionário da Basarnas com nível intermediário (classe 8), por exemplo, recebe em média 5.466.150 rúpias mensais, o equivalente a R$ 1.425 com adicionais.

Com base nesse valor, a doação feita ao alpinista representa mais de 76 meses de salário de um socorrista profissional de nível médio da agência.

Caso gerou comoção e mobilização nacional

A morte de Juliana Marins mobilizou brasileiros nas redes sociais e despertou atenção para a atuação do alpinista. O gesto de Agam foi considerado fundamental para que o corpo da brasileira fosse retirado da montanha. A iniciativa de arrecadar fundos surgiu espontaneamente, com o objetivo de reconhecer o esforço e a coragem demonstrados no episódio.

A entrega dos valores ao alpinista encerra a campanha que teve adesão de milhares de doadores no Brasil e que ganhou visibilidade nacional. Agam ainda não confirmou como usará a quantia restante, mas destacou que pretende seguir trabalhando com trilhas e ajudar em situações de emergência quando possível.