PM investigado por ligação com milícia na Bahia é preso com armas ilegais
Oficial é suspeito de receber R$ 15 mil por mês para encobrir crimes de milícia
Por: Redação
08/09/2025 • 12:00 • Atualizado
Um tenente-coronel da Polícia Militar da Bahia foi preso nesta segunda-feira (9) no município de Santa Maria da Vitória, suspeito de envolvimento com uma organização miliciana que atua no oeste do estado. A prisão ocorreu por posse ilegal de armas de fogo, mas o oficial também é investigado por encobrir ações criminosas da milícia entre os anos de 2021 e 2024.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) e o Ministério Público do Estado (MP-BA), o oficial recebia pagamentos mensais de R$ 15 mil para acobertar as atividades do grupo, liderado por um sargento da reserva remunerada da própria PM.
Identificado como tenente-coronel Luís Augusto Normanha de Carvalho, o suspeito é diretor do Colégio da Polícia Militar em Bom Jesus da Lapa. Além da prisão, um mandado de busca e apreensão foi cumprido na residência do oficial. A reportagem da TV Bahia entrou em contato com a Polícia Militar e aguarda posicionamento oficial sobre o caso.
As ações fazem parte da segunda fase da Operação Terra Justa, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), em parceria com a Polícia Civil.
De acordo com as investigações, o grupo miliciano atua há mais de uma década na região de Correntina, invadindo com violência terras pertencentes a comunidades tradicionais para beneficiar fazendeiros locais. O tenente-coronel é suspeito de participar do esquema em troca de vantagens financeiras.
Além de corrupção passiva, o oficial também é investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
No total, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva nos municípios de Correntina, Santa Maria da Vitória e Salvador. Foram apreendidos documentos, armas, munições, eletrônicos e outros materiais que serão analisados pela perícia.
A segunda fase da operação também cumpriu novos mandados de prisão preventiva contra o sargento da reserva e um comparsa, ambos presos na primeira etapa da investigação. Eles e outras três pessoas foram denunciados pelo MP-BA por integrar organização criminosa voltada à lavagem de dinheiro oriundo de milícia.
A denúncia foi aceita pela Vara Criminal de Correntina no último dia 5 de agosto. Como medida cautelar, foi determinado o bloqueio de bens avaliados em até R$ 8,4 milhões dos acusados.
As investigações revelam que o grupo ocultava e dissimulava a origem dos recursos ilícitos por meio de contas de terceiros. Entre 2014 e 2024, somente na conta do sargento da reserva foram movimentados cerca de R$ 30 milhões, com a maioria dos depósitos provenientes de empresas do setor agropecuário.
A SSP-BA e o MP-BA informaram que as apurações seguem em andamento para identificar outros possíveis envolvidos no esquema criminoso, incluindo servidores públicos e empresários da região.