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Mistério das pedras de Stonehenge ganha nova interpretação científica

Pesquisa reforça que humanos levaram rochas a mais de 700 km de distância

Por: Iago Bacelar

24/07/202521:00

Um novo estudo publicado no Journal of Archaeological Science: Reports reacende a discussão sobre como as pedras de Stonehenge foram parar na Planície de Salisbury, na Inglaterra. O artigo científico se baseia na análise do Newall Boulder, fragmento de rocha encontrado no local em 1924, e apresenta evidências que refutam a hipótese de transporte glacial, uma das mais defendidas nas últimas décadas.

Mistério das pedras de Stonehenge ganha nova interpretação científica
Foto: Reprodução/Google Street View

A origem das pedras de Stonehenge sempre foi envolta em incertezas. O monumento, cuja construção começou por volta de 3000 a.C., é composto por diferentes tipos de rocha, extraídas de várias partes da Grã-Bretanha. As chamadas pedras azuis, por exemplo, são oriundas das colinas de Preseli, no País de Gales, a aproximadamente 240 quilômetros do sítio. Já a imponente Pedra do Altar teria vindo da Escócia, localizada a mais de 700 quilômetros de distância.

Fragmento de rocha recuperado em 1924 é a chave para novo entendimento

A controvérsia sobre como as pedras chegaram até a planície gira em torno de duas principais hipóteses. Uma delas foi popularizada nos anos 1990, baseada justamente no Newall Boulder. A teoria sugeria que os blocos teriam sido transportados até a região por uma geleira durante a última era glacial.

A nova pesquisa, no entanto, aponta que as marcas presentes na superfície do fragmento não comprovam essa teoria. Segundo os autores do estudo,

"nenhuma dessas características de desgaste é claramente diagnóstica de transporte glacial; a maioria poderia ser simplesmente gerada por intemperismo da superfície, explorando descontinuidades internas",

afirmaram os cientistas no artigo.

Os pesquisadores também indicam que o fragmento pode ter se desprendido de uma das próprias pedras azuis do monumento. Eles identificaram semelhanças geológicas entre o Newall Boulder e as rochas de Craig Rhos-y-felin, um afloramento localizado no País de Gales, reforçando a hipótese de transporte manual.

Autores reiteram ausência de evidências glaciais na região de Salisbury

A equipe responsável pelo estudo contesta outro artigo publicado ainda em 2024, que defendia o desgaste subglacial como prova do transporte natural das pedras. Para os autores da nova análise, não há comprovações de que uma geleira tenha atuado na área em questão.

"Reiteramos nossa interpretação anterior de que a rocha de Newall não é uma formação glacial errática, que não há evidências de glaciação na Planície de Salisbury e que as pedras azuis foram transportadas para Stonehenge por humanos e não pelo gelo", concluíram os pesquisadores.

Construção do monumento envolveu pedras vindas de diferentes locais do Reino Unido

Stonehenge é considerado um dos monumentos pré-históricos mais importantes da humanidade. Composto por grandes blocos de rocha, seu propósito exato ainda é debatido, mas acredita-se que tenha funções cerimoniais, astronômicas ou espirituais. O novo estudo contribui para o entendimento sobre os meios utilizados pelos povos antigos para sua construção, sugerindo que houve uma ação humana deliberada e complexa no transporte das pedras, o que exigiria organização, força e conhecimento técnico.