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Maranguape lidera ranking das cidades mais violentas do Brasil em 2024

Anuário de Segurança mostra aumento de 87% em mortes violentas no município

Por: Iago Bacelar

25/07/202517:30

O município de Maranguape, no Ceará, teve a maior taxa de homicídios do Brasil em 2024 entre cidades com mais de 100 mil habitantes. O dado foi divulgado pelo Anuário Brasileiro de Segurança 2025, apresentado nesta quinta-feira (24), que apontou 79,9 mortes violentas a cada 100 mil moradores na cidade.

Maranguape lidera ranking das cidades mais violentas do Brasil em 2024
Foto: Divulgação

Crescimento de 87% nas mortes violentas

Entre 2022 e 2023, Maranguape registrou aumento de 87% no número de mortes violentas intencionais, chegando a 74,2 casos por 100 mil habitantes. O avanço está ligado aos confrontos entre as facções Comando Vermelho e Guardiões do Estado, que disputam o domínio do tráfico na região.

Conhecida por ser a cidade natal do humorista Chico Anysio, Maranguape antes se destacava pelo clima ameno e tranquilidade. Porém, o avanço das organizações criminosas ao longo dos últimos 20 anos mudou esse cenário.

O que o Anuário considera mortes violentas

Para compilar os dados, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública considera como mortes violentas intencionais homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, mortes de policiais e óbitos decorrentes de ações policiais.

Avanço das facções no interior do Ceará

O pesquisador César Barreira, do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que a atual dinâmica das facções influencia diretamente no crescimento da violência. Ele aponta que os grupos criminosos estão se instalando inicialmente em municípios menores antes de migrar para as capitais.

“Outro dado que nós temos é que as facções estão também migrando para os municípios menores. Então, ela também deixa de atuar especificamente, por exemplo, em Fortaleza, para atuarem nesses municípios menores”, afirma Barreira. Segundo ele, a ruptura de alianças entre facções nacionais e grupos locais também está relacionada à alta de homicídios.

Migração de criminosos da capital para a região metropolitana

Barreira também ressalta que a política de segurança aplicada em Fortaleza tem pressionado a migração de criminosos para municípios da região metropolitana. A proximidade de Maranguape com Caucaia e Maracanaú, cidades que figuram entre as mais violentas do Brasil, agrava a situação.

“O fato de ser um município ao lado de Caucaia, que sempre apresenta taxas elevadas, e também ao lado de Maracanaú, ajuda a explicar os números de Maranguape”, avalia o pesquisador.

Combate à violência e ações do governo

Para o especialista, enfrentar as facções exige ações integradas de inteligência e segurança. “Nós não vamos enfrentar as facções de uma forma direta, só com violência, nós vamos ter que enfrentá-las com serviço de inteligência e também violência”, afirma Barreira.

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que o Ceará tem investido em tecnologia, inovação e inteligência para reduzir os índices de criminalidade. A pasta destacou que houve queda de 9,10% no número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) no segundo semestre de 2024, em comparação ao primeiro semestre. Entre julho e dezembro de 2024, foram registradas 1.558 mortes, contra 1.714 no período anterior.

Ranking das cidades mais violentas do Brasil

Segundo o Anuário, as cidades de Maranguape, Caucaia e Maracanaú estão entre as dez mais violentas do país. Caucaia aparece na oitava posição, com 68,7 mortes por 100 mil habitantes, enquanto Maracanaú está em nono, com taxa de 68,5 mortes por 100 mil habitantes.

No ranking geral, Jequié (BA) ficou em segundo lugar com 77,6 homicídios por 100 mil pessoas, seguido por Juazeiro (BA), com 76,2. Outras cidades da lista incluem Camaçari (BA), Cabo de Santo Agostinho (PE) e Feira de Santana (BA).

Ceará entre os estados mais violentos

Com três municípios no ranking, o Ceará registra a terceira maior taxa de mortes violentas entre as 27 unidades da federação, com 37,5 óbitos a cada 100 mil habitantes. Apenas Amapá (45,1) e Bahia (40,6) apresentaram índices superiores. O estado também foi um dos quatro do país a registrar aumento nos homicídios em 2024, com alta de 10,9%.

No Brasil, houve 44.127 mortes violentas intencionais em 2024, uma queda de 5,4% em relação ao ano anterior. A taxa nacional ficou em 20,8 mortes por 100 mil habitantes, a menor desde 2012.