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Governo discute com empresários reação à taxação dos EUA sobre produtos brasileiros

Alckmin afirma que Brasil buscará diálogo, mas prepara contramedidas

Por: Iago Bacelar

15/07/202513:07

O governo federal iniciou nesta terça-feira (15) reuniões com empresários da indústria e do agronegócio para discutir os impactos da taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida norte-americana deve entrar em vigor em 1º de agosto e preocupa setores que mantêm fluxo de exportação com o país.

Governo discute com empresários reação à taxação dos EUA sobre produtos brasileiros
Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O encontro da manhã foi liderado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, com representantes do setor industrial. À tarde, foi a vez dos empresários ligados ao agronegócio.

Governo reforça diálogo com o setor produtivo

Durante a abertura do encontro, Alckmin afirmou que o Brasil buscará uma saída por meio da negociação, mas que será necessário o envolvimento direto do setor privado.

"É importante a participação de cada um de vocês, nas suas áreas específicas, para fazermos um trabalho em conjunto. O governo brasileiro está empenhado em resolver essa questão e queremos ouvir as sugestão de cada um de vocês", afirmou o vice-presidente.

A iniciativa marca o início das ações do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, formado pelos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Fazenda, Relações Exteriores e Casa Civil. Outras pastas também foram convidadas para colaborar.

Brasil tenta evitar confronto, mas mantém posição firme

Alckmin reafirmou que o Brasil já havia feito um movimento diplomático antes do anúncio oficial da taxação. Segundo ele, no dia 16 de maio foi enviada uma proposta de negociação, de forma confidencial, aos Estados Unidos, mas sem resposta até o momento.

"No dia 16 de maio foi encaminhado, até em caráter confidencial, uma proposta para os Estados Unidos, de negociação, que não foi respondida ainda. E até sexta-feira, antes do anúncio, tava tendo reunião no nível técnico", relatou.

A intenção do governo é manter o diálogo com autoridades norte-americanas e também com empresas dos Estados Unidos que mantêm negócios com o Brasil. O objetivo é evidenciar o impacto negativo da medida para as duas economias, principalmente em setores de reciprocidade comercial, como o siderúrgico.

Lei de reciprocidade pode embasar reação do Brasil

Com a taxação prevista para agosto, o governo ainda estuda quais medidas adotará caso não haja recuo por parte dos Estados Unidos. A Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso em 2024, foi regulamentada nesta terça-feira e pode servir como base legal para ações de retaliação.

Alckmin reforçou que a medida norte-americana é considerada inadequada e citou que, ao contrário de um possível desequilíbrio comercial, o Brasil tem déficit na balança com os EUA.

"A responsabilidade é, todo empenho, em rever essa questão. Primeiro porque ela é totalmente inadequada. O Brasil não tem superávit com os Estados Unidos. Aliás, o contrário. Dos dez produtos que eles mais exportam, oito a tarifa é zero. Então, nós vamos trabalhar junto com a iniciativa privada", destacou.

O vice-presidente também se distanciou das recentes declarações do ex-presidente Donald Trump, que sugeriu críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro. Alckmin indicou que o governo busca uma solução equilibrada, respeitando a soberania dos poderes.