Netflix usa IA para criar cena em série "O Eternauta"
Tecnologia acelerou em 10x a produção de efeitos visuais
Por: Victor Hugo Ribeiro
02/08/2025 • 09:00
A Netflix confirmou o uso de inteligência artificial (IA) generativa em uma de suas produções pela primeira vez, marcando um novo capítulo na indústria do entretenimento. Em uma conferência com investidores, o co-CEO Ted Sarandos revelou que uma cena da série apocalíptica argentina, "O Eternauta", teve parte de seus efeitos visuais criados por IA.
A sequência, que mostra um prédio desabando, foi finalizada cerca de dez vezes mais rápido do que os métodos tradicionais de efeitos visuais. Segundo Sarandos, a tecnologia permite que a plataforma crie cenas que seriam inviáveis devido ao alto orçamento. A aposta da Netflix não é a única do mercado; a Disney também tem explorado a IA com o objetivo de otimizar processos e reduzir custos de produção.
Onde a IA foi utilizada em "O Eternauta"
A cena em questão, uma das mais impactantes da série, aparece no sexto e último episódio da primeira temporada, em uma das visões do protagonista. Em vez de usar modelos físicos ou CGI convencional, a produção utilizou ferramentas de IA para criar os elementos do prédio em colapso, incluindo os destroços, a poeira, a iluminação e os movimentos de câmera.
Embora a Netflix não tenha divulgado o software utilizado, fontes próximas à produção sugerem que a tecnologia da Runway AI foi a ferramenta usada para criar a sequência.
A corrida pela IA no entretenimento
O uso da IA pela Netflix em "O Eternauta" reflete a crescente adoção da tecnologia no setor. Outros grandes estúdios, como a Disney, também estão testando ferramentas de inteligência artificial generativa, motivados pela promessa de redução de tempo e custos.
A expansão da IA na produção audiovisual acontece em meio a um debate sobre seus impactos éticos e profissionais. Durante as recentes greves em Hollywood, sindicatos de atores e roteiristas incluíram em suas negociações cláusulas específicas para regular o uso da tecnologia e proteger empregos criativos, assim como os direitos de imagem e propriedade intelectual.
O caso da Netflix e da Disney, no entanto, mostra que a IA está sendo vista, por enquanto, como uma ferramenta de apoio, especialmente para tarefas técnicas e de alto custo, e não como uma substituta para a criatividade humana.
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