Já está disponível na HBO Max o documentário Os Afro-Sambas: O Brasil de Baden e Vinícius, que investiga, sob diversas perspectivas, a criação do emblemático álbum Os Afro-sambas de Baden e Vinicius, lançado em 1966. Dirigido por Emílio Domingos e produzido por Renata Leite — também responsável por Elis & Tom, Só Tinha de Ser com Você —, o longa percorre São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro para revelar os bastidores e o impacto cultural da parceria entre Baden Powell e Vinicius de Moraes.

A obra reúne depoimentos de músicos, críticos, familiares e amigos dos artistas, além de nomes como Maria Bethânia, Nelson Motta, Jards Macalé, Dori Caymmi, Russo Passapusso e Cynara Faria, do Quarteto em Cy, que participou da gravação original do disco. O filme apresenta imagens de arquivo inéditas e destaca a influência da herança afro-brasileira na construção de uma nova linguagem musical, que mistura instrumentos tradicionais e ritmos do candomblé.

Renata Leite contou ao Portal A TARDE que a ideia do documentário surgiu após a finalização de Elis & Tom. “Ficamos com o desejo de contar a história de outro álbum marcante. Meu sócio sugeriu Os Afro-sambas, buscamos as famílias e elas foram muito receptivas. Em 2020, fechamos com a HBO Max e conseguimos gravar em 2023”, explicou.

A produção enfatiza a força estética e espiritual do disco, cuja faixa de abertura, Canto de Ossanha, tornou-se um dos marcos da música brasileira. Outras composições como Tempo de Amor, Canto de Iemanjá e Canto de Xangô também compõem o repertório e refletem o encontro entre ancestralidade, religiosidade e liberdade artística.

Para o diretor Emílio Domingos, o álbum tem impacto atemporal. “Os clássicos são ouvidos para sempre. O disco traz elementos do candomblé para a música popular, o que já dialoga muito com o contemporâneo. Se as pessoas se interessam por música, vão querer ouvir esse álbum”, afirmou.

Marina Pedral, gerente de Desenvolvimento e Produção Não Ficção da Warner Bros. Discovery, destacou a ousadia da obra. “O disco apresenta uma linguagem inovadora e representa um Brasil profundo, musicalmente sofisticado. Se isso inspirar uma construção mais positiva do país, o impacto será enorme”, avaliou.

Emílio reforçou que o documentário vai além da música. “Captamos os bastidores da criação artística e sua sintonia com o Brasil real. Vinicius e Baden eram artistas respeitados e, ao trazerem os cantos de terreiro para o centro da música popular, ajudaram a valorizar uma cultura ancestral rica e sofisticada”, disse.

Um dos objetivos da equipe é apresentar Os Afro-sambas às novas gerações. “O cinema tem essa força de gerar movimentos culturais. Esperamos que o filme leve mais pessoas a conhecerem o disco, sobretudo os jovens que ainda não tiveram contato com essa obra-prima”, concluiu Emílio.

Antes de estrear na plataforma, o documentário passou pelo Festival do Rio, foi exibido no Festival Brasileiro de Cinema de Paris e integrou a mostra competitiva do 17º In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical, realizado em junho, em São Paulo.