Gaza registra 29 mortos e Irã revela ataque a presidente durante conflito
Exército israelense avalia redistribuição de tropas em Gaza
Por: Iago Bacelar
14/07/2025 • 08:44 • Atualizado
Pelo menos 29 palestinos morreram entre a noite de sábado (12) e a madrugada de domingo (13) em ataques israelenses na Faixa de Gaza, segundo informações da Defesa Civil palestina. Os bombardeios ocorrem no momento em que as negociações de cessar-fogo entre Israel e Hamas permanecem estagnadas.
Entre as vítimas há crianças, de acordo com autoridades locais. Um dos ataques ocorreu no campo de refugiados de Nuseirat, no centro do território, onde dez pessoas morreram. Oito delas estavam próximas a um ponto de distribuição de água potável, no início da manhã.
O exército israelense, em resposta à agência AFP, informou que está investigando os relatos sobre as vítimas. O número de mortos reportado diariamente pela Defesa Civil cresce à medida que os bombardeios continuam. Imagens divulgadas pela AFP mostram corpos sendo levados a hospitais, incluindo o de crianças.
Acesso restrito dificulta confirmação independente
As restrições impostas à mídia por Israel, que mantém Gaza sob cerco, e as barreiras de acesso ao território impedem que as informações divulgadas por ambos os lados sejam verificadas de forma independente. A impossibilidade de checagem se aplica tanto aos relatos palestinos quanto aos comunicados oficiais de Israel.
Hamas rejeita plano israelense e acusa tentativa de deslocamento forçado
As negociações indiretas começaram em 6 de julho, em Doha, com mediação de Catar, Egito e Estados Unidos, mas não avançaram. No sábado (12), uma fonte palestina próxima às discussões informou que o Hamas rejeitou completamente o plano israelense, que previa manutenção de forças militares em mais de 40% da Faixa de Gaza.
A mesma fonte afirmou que o plano israelense considera a redistribuição de tropas ao longo de Gaza. A estratégia teria como meta, segundo o informante, concentrar centenas de milhares de pessoas deslocadas no sul do território, preparando o que seria uma tentativa de deslocamento forçado para o Egito ou outros países.
Israel e Hamas divergem sobre avanços nas negociações
Enquanto as acusações aumentam, uma segunda fonte palestina relatou avanço nas discussões sobre entrada de ajuda humanitária e troca de reféns por prisioneiros palestinos. Do lado israelense, uma autoridade afirmou que Israel demonstrou flexibilidade nas conversas, mas acusou o Hamas de sabotar o processo por meio de guerra psicológica.
A autoridade israelense afirmou ainda que um novo plano de retirada militar pode ser apresentado em Doha. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reafirmou os objetivos do país, que incluem libertação dos reféns, desarmamento do Hamas e retirada do grupo da Faixa de Gaza.
População pressiona governo por libertação de reféns
Milhares de pessoas voltaram a ocupar as ruas de Tel Aviv, no sábado (12), para exigir o retorno dos reféns ainda mantidos pelo Hamas. O ex-refém Eli Sharabi, libertado recentemente, discursou para os manifestantes.
"A janela de oportunidade para trazer todos os reféns para casa está aberta por enquanto, mas não por muito tempo", afirmou. A mobilização popular em Israel segue intensa desde o início da guerra.
Presidente do Irã ficou ferido em ataque aéreo em junho
Enquanto os bombardeios continuam em Gaza, a tensão se agravou com a revelação de que o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, ficou ferido durante um ataque aéreo israelense em 16 de junho, em Teerã. A informação foi divulgada pela agência Fars, ligada à Guarda Revolucionária Islâmica.
O ataque ocorreu durante uma reunião do Conselho Supremo de Segurança Nacional, onde estavam presentes também o presidente do Parlamento, Mohammad Bagher Ghalibaf, e o chefe do Judiciário, Gholam-Hossein Mohseni Ejei. Os seis mísseis lançados tiveram como objetivo bloquear as saídas do prédio, obrigando os participantes a fugirem por uma saída de emergência.
O presidente iraniano sofreu ferimentos leves na perna, conforme informado pela agência. Pezeshkian havia acusado Israel de tentar assassiná-lo em uma entrevista recente ao jornalista Tucker Carlson, exibida pela Fox News.
Israel já havia sido alvo de acusações durante conflito com Irã
Durante a guerra de 12 dias entre Irã e Israel, em junho, surgiram especulações sobre ameaças ao líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, atribuídas a Donald Trump e Benjamin Netanyahu. No entanto, até então não havia declarações públicas sobre tentativas de atentado contra Pezeshkian.
O presidente assumiu o cargo em julho de 2024, após a morte de Ebrahim Raisi em um acidente aéreo. O episódio envolvendo o ataque em Teerã adiciona uma nova camada de instabilidade diplomática à região.
Relacionadas
Internacional